terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Reconhecimento

Os anos lhe eram acrescentados, não era mais um menininha, apesar de não aparentar a idade que tinha.

E se eu nuca encontrar alguém que me ame? E se eu nunca me casar?

Era, enfim, uma pergunta lícita. A mesma pergunta feita por Jane Austen há mais de 200 anos. A mesma pergunta feita por Virgina Woolf. A mesma pergunta feita por mulheres menos e mais geniais do que ela todos os dias. Será que os homens também se faziam essa pergunta? Provavelmente não.

...

Era hoje mais interessante do que há dez anos. As espinhas já tinham ido embora, assim como a dúvida sobre o que fazer da vida. A carreira já começava a dar frutos. Só a vida amorosa que parecia andar na contra-mão. Na opinião dele, pelo menos, porque para os amigos, casados em sua maioria, não havia ninguém no grupo em situação melhor. A mulher que quisesse, quando quisesse, ele parecia conseguir. E ele se enganava, dizendo que estava tudo bem quando, na verdade, ainda não tinha conseguido superar o fim desastroso do último e longo relacionamento que teve.

...

Então se encontraram, dois mundos totalmente diferentes. Ela, apesar de se perguntar sempre se algum dia encontraria alguém que a pudesse amar (na verdade alguém que ela pudesse amar, era tão exigente) sabia esconder bem esse fantasma debaixo do tapete e aparecer linda e bem resolvida onde quer que fosse. Ele, apesar de ter alcançado o sucesso desejado e ser cobiçado por todas as mulheres do local, mal conseguia disfarçar a insatisfação que sentia, mesmo que não soubesse.

Foi em um encontro de ex-alunos da faculdade. Há anos que não se viam, se é que já haviam se visto alguma vez. Ele, o aluno “turista”, sempre com uma matéria atrasada por causa de suas crises existenciais. Ela, a aluna modelo, se formou e colocou o diploma dentro da gaveta. Os amigos nunca tinham sido os mesmos. Estiveram na mesma sala durante anos, mas nunca se enxergaram. Até que se reconheceram.

Ela viu nele a pessoa que seria se tivesse seguido a carreira, cheia de sucesso, mas com uma peça faltando. Ele viu nela a pessoa que ninguém mais via, ele enxergava o fantasma debaixo do tapete.

Foi atração à centésima vista. Mas ele estava acompanhado, e ela rodeada de amigos e amigas “das antigas”.

E passaram a noite toda se olhando, e desejando conversar sobre a descoberta que fizeram um sobre o outro.

7 comentários:

Felipe Fanuel disse...

Olá, Priscilla,

Jane Austen e Virgina Woolf continuam vivas até hoje. É só lê-las!

Abs.

Pavarini disse...

Muuuito obrigado pela visita e pelo comentários postados, Priscilla.

Add seu blog na minha lista de links! =]

Abs e ótima semana.

Jacinta Dantas disse...

Prá começar, gostei do nome: quarto da bagunça.
Um desejo meu: ser mais "bagunçada".
Ainda não consegui, mas....
E falando em descobertas, descobri seu espaço e gostei.
O seu texto me leva a pensar que estamos sempre nos questionando sobre nossas escolhas. Como seria se????

Um abraço
Jacinta

Jonathan Ribas disse...

Coitados desses dois! HuahUAH
Ás vezes fico pensando nisso também... Mas quem não pensa?
Agente se esquece que Deus tem sempre o melhor pra nós, e somos tão egoístas que não conseguimos ver o quanto agente é feliz; sozinho ou não.

Beijoss, lindinho seu blog viu?

Suzana disse...

Oi Priscilla, obrigada pela visita.
e realmente essa era a palavra, justamente essa eu me desaperceni de postar:"metamorfose" rsrs
Isso mesmo estamos num processo de metamorfose... q lindo não?!Deus é tão bom. =)
e seu texto é incrivel, quantas vezes nao fazemos essas perguntas, hein?!
mas as vezes as respostas estão bem na nossa frente e não conseguimos enxergar. A descoberta e o reconhecimento, sao fases muito importantes...adorei, esse fragmento foi de algum livro?
beijos..e vou colocar seu blog nos meus links ta?

Anônimo disse...

poxa Priscila, fiz um comentario legal aqui, mas na hora de publicar ele sumiu =/ rs
mas deixe eu tentar novamente, obrigada pela vista ao meu blog... e você achou a palavra mais importante no meu post, a palavra oculta...METAMORFOSE, incrivel que eu escrevi tanto e em nenhum momento eu falei nisso rs, mas é realmente esse processo de metamorfose que estamos vivendo. Deus é tão bom neh?!
O texto que vc publicou aqui é tão interessante...quantas vezes nao nos perguntamos sobre essas coisas...e as vezes as respostas estoa bem na nossa frente e nao enxergamos. Mas o momento do reconhecimento e descoberta sao maravilhosos!
beijos e vou add vc nos meus links =)

Simone Iwasso disse...

um conto de fadas moderno. poderia ser o meu, adoraria ;-)